segunda-feira, 23 de novembro de 2015

(A)ventura

Ando tentando esquecer o gosto da pitanga laranja sol se pondo de quando eu era pequena menina com as outras duas pequeninas correndo junto, sempre fomos assim. Eu sei, não deveria ter pensamento constante no que não é mais. Será medo do desconhecido talvez, do que não sei que está vindo. Será medo talvez do tempo passando não sei se estou aproveitando, não sei. Por isso me pego me apegando mais nos dias na rua, mamãe tá chamando, papai tá chegando, trouxe alguma coisa doce? Hoje sei, sempre trouxe. Hoje sei da doçura da presença. Do acaso gentil dos melhores encontros. Juntar todas essas lembranças em um só lugar aqui dentro, todos os gostos do passado tão presente, será isso já o futuro? Vivendo cada momento degustando as delícias de uma vida tecida suavemente e ir deixando o tal medo perdido sob isso tudo. Esse pode ser o meu mais belo porvir.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Intraduzível

Mesmo se eu acordo bonjour,
eu chego salut,
eu vou revoir.
Mesmo se meu primeiro
eu te amo,
je t'aime.
Ainda assim, é na minha
língua que eu sonho.
No popular que eu canto.
Mesmo se o rio é claro,
o ônibus na hora.
O chão limpo,
as pessoas discretas.
Tenho vontade de carnaval.
Que são dos versos de lá
que eu lembro.
A garoa melancólica,
o gosto da cerveja no bar,
um beijo e um abraço.
Minha reza não tem rótulo,
meu sofrimento não é comedido,
meu riso não tem hora
e o melhor de mim é ser de lá.
O que eu sinto é a intraduzível
saudade
e sinto muito.

sábado, 18 de abril de 2015

Fluxo de consciência

Mesmo que eu pudesse, não deixaria de amar você.
Existe um espécie de derramamento anímico, uma
enxurrada mesmo. Nuvem cinza fabricando azul.
Curiosidade livre, crua, agridoce. Eu acho que te
reconheço, te conhecia de outros carnavais, sabe
essa impressão? De como se a gente tivesse se
revendo. É de um medo genuíno e constante de
perda. A outra metade é felicidade surpreendendo
a cada dia, que se fosse uma pessoa, estaria sempre
com um sorriso daqueles que fecham mais os olhos
do que abrem a boca, sabe? Então... Acho que é isso.