segunda-feira, 7 de março de 2011

É coisa nossa

A noite ensolarava em sorrisos. Era Carnaval. Que no Brasil noite feliz não é Natal.
A criança que nem sabia andar, sabia sambar e depois dormia ao som da bateria.
Canção de ninar.
As baianas desfilavam seus pés cansados e a mocidade alegre observava. Eu vi.
A lantejoula é a escama da pele da passista, resultado da mistura étnica de outros carnavais.
A porta-bandeira talvez nem sabe que traz no seu corpo sua história. Eu sei.

Eles vem emoldurados todos pela sincronia desordenada de vôos finitos.
Tremor.
Vôos alçados pelos braços que portam bastões de asa e cansaços;
Tremor.
De pouso certo, inevitável à beleza.
Tremor.
Circundados pela dissonante comunhão de colisões precisas.
Tremor.
Aconchegados no seio do batuque, do truque de ser feliz.
Tremor.
Fantasiados de felicidade efêmera cujo fim aparenta não ser tom.
Tremor.
Mais bem vestidos do que antes, do que muitos dos que mentem, entre dentes pretos sujos, pros que sentem rígidos o que as gentes muitas, todas cujas asas já se acostumaram ao atrofio, já deixaram de sentir.
Um minuto de barulho pro silêncio e pra tristeza.
Tremor.

Pra você que tem o ouvido deveras refinado pouco preparado para esse som um tanto bagunçado, digo que é compreensível.
Surdo não é só um instrumento.

ºCo-autoria: Dan.
Muito obrigada meu amigo,
para você - poemista - uma flor.
http://poemismo.wordpress.com/

3 comentários:

Bruno disse...

Lindo, lindo, lindo!

Duds disse...

Lindo!!!

Anônimo disse...

ficou demais vcs juntos, meeu!