segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Achados e perdidos

Cheguei em casa e era inteiro silêncio. Meu pai me olhou e não disse nada. Já sabia. Tinha perdido um amor. Minha mãe nem percebeu. Tinha bebido um pouco. Me ofereceu qualquer arroz e foi dormir. Nem sabia que eu tinha perdido um amor. Mas também isso não importa, entre um que sabia e outro que não , só eu sentia. E não podia compartilhar, porque, claro, no momento da minha dor todos eram alegria. Está aí a solidão mais cruel. A de não ter amor , nem ajuda. Mas na verdade, o grande problema é que o mundo não se interessa pelo meu amor perdido, e continua funcionando. Me obrigando a existir com ele - vai demorar um pouco até voltar a viver. Quando você perde um amor, você caminha meio pela metade. 5o%. Sozinho mais inho que o normal. Junto , somente, da esperança de que o outro mude de ideia, de que o outro volte logo. Pare com a brincadeira, porque não tem mais graça! Essa esperança era única coisa de inteira em mim - além do silêncio. Talvez tudo que preenchesse ainda o resto de algum espaço. Tudo sobra. E esse amor perdido logo será achado ou vai achar... E aí o perdido aqui, que nem quer procurar , continuará só. Porque só acha quem procura.

2 comentários:

Luciana Araújo disse...

Genial, ponto .

fla disse...

"E continua funcionando...". Mundo máquina cara humana.Parabéns flor