sábado, 24 de março de 2012

Souvenir

Se eu acordo esboçando saudade, a culpa é minha? Se eu acordo exalando a falta de quem quer que seja, a culpa é de quem quer que seja? Não vou maldizer a vida que nos encaminha para caminhos cubistas e a gente se perde e se afasta, inevitavelmente. Não vou maldizer, perderia muito tempo... Mas afrontarei a vida e essa mania de fazer ficar longe pessoas que a gente queria sempre de mãos dadas, sempre a um chamado. Farei isso lembrando muito, com extrema força e empenho. Lembrarei tanto que o acaso vai se sentir na obrigação de promover encontros. Lembrarei tanto que chamarei telepaticamente. Prometo! Vou me lembrar durante o café solitário e no ônibus do meio-dia. Vou me lembrar naquele lugar cheio, no momento em que ninguém estiver se dirigindo a mim na roda de conversa e vou me lembrar quando for recapitular à noite o dia inteiro no travesseiro, vou me lembrar que lembrei. Promessa! E quero que chegue a vocês meu pensamento, como aquela brisa da tarde que surpreende quando a gente abre a janela e acaricia, sabe? Vai chegar como um alívio de qualquer preocupação, uma música de fundo que tranquiliza. E se a vida demorar para nos juntar, vou lembrar com uma vontade tão grande e dolorosa de tanta saudade que há de chegar meu pensamento aí onde estiverem como o laço do abraço, daqueles bem apertados e afetuosos, daqueles que às vezes a gente não contém as lágrimas, dos que a gente não soltaria nunca, pra mostrar que a gente não aceita a separação injusta que a vida impõe, mas se conforma. Se o afastamento é inevitável, coisa certa...O esquecimento inexiste - coisa certa!

2 comentários:

Barbara disse...

É muita vida em tudo o que você escreve. Sempre adoro!!! Agora é um pouquinho de esforço pra não restar só lembrança!! Amigos são amigos em qualquer situação....

Anônimo disse...

NOSSA, CONFORME VOU LENDO, SUA VOZ SOA COMO SE VC MESMA TIVESSE LENDO, INCRÍVEL ESSA EXPERIÊNCIA...

ELAINE